Convite

Olá Pessoal!

Gostaríamos de comunicar, que nesta sexta-feira, dia 25/03/2011, nosso caro colega Gustavo Benetti, estará defendendo sua dissertação de mestrado. Trabalho intitulado "Ruptura e regionalismos: o modernismo musical no Rio Grande do Sul (1926 - 1945)", o qual foi orientado pelo Prof. Dr Gerson Luís Trombetta.
Será às14:00 horas, no prédio do IFCH.

Para quem se interessar... fica ai o convite.

O problema da história museológica da arte

Merda d'artista, Piero Manzoni.
Uma das formas de fazermos história da arte é claramente por meio dos museus, abrigo de objetos de diferentes estilos e épocas. Porém, se formos levados para este caminho nos deparamos com um grande problema: o estudo museológico credita o que é ou não arte e exclui artistas que possuem qualidades tão boas ou melhores quanto às obras consagradas. Essas peças de museus nem sempre podem ser um bom parâmetro para pensarmos em qualidade artística e estética. Mas afinal, quem é que escolhe quando uma arte é boa ou não? Qual é e onde está seu edital de seleção?

Não precisamos pensar nisso agora, afinal de contas o problema maior não está em quem merece ou não ter suas obras consagradas e disponíveis como um “patrimônio público”; o que mais perturba é como esta escolha é decisiva para construirmos uma história da arte e conseqüentemente uma concepção de arte. Aqueles que não se enquadrarem nesse modelo, ou passarem despercebidos serão automaticamente descaracterizados e marginalizados. Por outro lado, aqueles que de fato são artistas, e já estão com suas necessidades básicas supridas, continuarão criando e buscando na arte, independente de reconhecimento, o que faz parte também de suas vidas. Estes são todos os artistas (bem lembrado e questionado pelo nosso pesquisador Tarso) que ficam às escuras, não sós, mas apenas com sua arte.

Quando pensamos nesse papel dos museus para a sociedade é inevitável um paradoxo. Ao mesmo tempo em que os museus cedem um espaço para que uma obra esteja à disposição do povo, ela nunca está para o povo (no sentido de compreensão e de acesso). O que poderia nos aproximar da arte é então aquilo que nos afasta?

Muito das “artes museológicas” que nos referimos, não contém no objeto o prazer de sua graça. O ato pode ser artístico, a brincadeira e intenção validadas como arte, mas, fora desse contexto, “uma pedra costuma ser sempre uma pedra”. Mas uma pedra bem expressa e no contexto oportuno hoje pode valer por ouro. É o caso da lata de merda vendida por milhares de dólares para seus colecionadores de arte. Como dizia Goodman: “A pedra normalmente não é nenhuma obra de arte enquanto está na garagem, mas pode ser tal quando exposta num museu de arte”. (GOODMAN, Nelson. Modos de fazer mundos, p. 114)

Alguns cercos que criamos, e chamamos de sociedade cultural, acabam voltando-se rapidamente contra nós mesmos. Muitas vezes a única saída é realmente criarmos tais cercos, ou não faríamos história; mas se a história não pode atingir o povo, talvez ela seja uma meia história. Essa “parte” contada têm em si um potencial determinante na compreensão de nossos dias, disso não duvidamos, mas a história da arte através dos museus não é somente uma “parte” ingênua, muitas vezes parece ser soberana, louca, outrora dominadora.


Referências:

GOODMAN, Nelson. Modos de fazer mundos, Trad. de António Duarte, Portugal: Edições Asa. 1995



Quem somos

O grupo de estudos "Arte, Sentido & História" é constituido pelo orientador Prof. Dr. em Filosofia Gerson Luís Trombetta; pelos bolsistas: PIBIC/UPF Alessandra Vieira; PIBIC/CNPq Bruna de Oliveira Bortolini; FAPERGS Taciane Sandri Anhaia; e demais integrantes: Aline Bouvié, Amanda Winter, Ana Karoline, Bárbara Araldi Tortato, Daniel Confortin, Edynei Vale, Ester Basso, Fabiana Beltrami, Fernanda Costa, Prof. Dr. em Filosofia Francisco Fianco, Guto Pasini, Iara Kirchner, Jéssica Bernardi, Leonel Castellani, Maikon Ubertti, Marceli Becker, Marciana Zambillo, Roberta del Bene e Tarso Heckler.

Contador Grátis