► TRABALHOS JÁ APRESENTADOS

PARA ALÉM DA RECEITA: A ARTE DE UM GARDE MANGER
 Autor: Taciane Sandri de Anhaia (Fapergs)
Orientador: Gerson Luís Trombetta

INTRODUÇÃO:
A gastronomia pode ser considerada um patrimônio cultural por preservar e valorizar a identidade de um povo. Além de flertar com a tradição, esta área que tem como preocupação o bem servir e requerer o novo, quando visa, sobretudo, criar uma composição de elementos culinários que venham a enriquecer os sentidos e proporcionar o prazer. Há quem diga que cozinhar é uma arte. Não bastando a sensibilidade para com a alquimia do sabor, o Garde Manger ainda necessita de técnica e criatividade para a elaboração de seu manjar. Ele esculpe, decora e elabora pratos utilizando, geralmente, legumes, frutas e frios. O artista anseia pela harmonia entre aroma, cor e sabor. Caso sua arte funcione, o faminto apreciador, literalmente a devora. 

METODOLOGIA:
A pesquisa examinou o trabalho do Garde Manger e dos pressupostos artísticos envolvendo tanto os aspectos da criação, como os da recepção estética dessa arte gastronômica. Também  recorreu à análise bibliográfica de teóricos da filosofia da arte e da história da gastronomia que constam nas referências. Os resultados da investigação foram previamente discutidos no grupo de estudos ligado ao projeto de pesquisa "Arte, Sentido e História".

RESULTADOS E DISCUSSÕES:
O estudo da gastronomia possibilita reflexões filosóficas tanto sobre a formação do juízo estético e sensitivo, quanto sobre a formação cultural dessa arte que tem os alimentos como matéria prima. Em torno da gastronomia desenvolvemos regras sociais e cultivamos hábitos milenares. Tal apreço pela arte culinária exalta e educa os sentidos, superando a utilidade da alimentação como forma de sobrevivência. Sua definição como arte nos remete ao problema da natureza de tal classificação. Ou seja, o que é arte? Com base em questões semelhantes, Goodman salienta a necessidade de invertermos esta pergunta sobre os fundamentos ontológicos da arte substituindo-a por “quando há arte”?

CONCLUSÃO:
A arte de esculpir e criar com alimentos, além de ser atrativa para a apreciação estética, envolve e aguça todos os demais sentidos. Ela desempenha um papel espontâneo e temporal, pois diferente dos modelos clássicos, o produto artístico/degustativo nasce, interage e padece no contexto de sua criação. Neste particular, a produção de um Garder Manger se constitui num “quando”, num acontecimento sensorial e, por isso mesmo, artístico.

REFERÊNCIAS:
FRANCO, Ariovaldo. De caçador a Gourmet:- uma história da gastronomia. Rio de Janeiro: SENAC, 2001.
GOODMAN, Nelson. Linguagens da arte: uma abordagem a uma teoria dos símbolos. Lisboa: Gradiva, 2006.
LEAL. Maria Leonor de Macedo Soares. A história da gastronomia. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2007. 

O Kitsch e a História da Arte: a falsa promessa de felicidade ao alcance das mãos
 Autor: Bruna de Oliveira Bortolini
Orientador: Gerson Luís Trombetta 

INTRODUÇÃO:

No trabalho pretende-se analisar o fenômeno Kitsch na sociedade contemporânea e a forma como o mesmo se relaciona com a história da arte. O objeto Kitsch, por estar intimamente ligado aos registros artísticos, faz constantes alusões e referências à arte e sua história. Este fato contribui para sua disseminação no meio social, como recurso capaz de produzir sensações semelhantes àquelas obtidas pela contemplação estética de obras originais.

METODOLOGIA:

A investigação aborda as relações existentes entre a arte e o fenômeno Kitsch e as formas como os mesmos se manifestam na sociedade. O estudo foi realizado com base nos textos indicados nas referências. Os resultados da investigação foram previamente apresentados no grupo de estudos ligado ao projeto de pesquisa "Arte, Sentido e História".

RESULTADO E DISCUSSÕES:

Os registros artísticos carregam uma gama de valores e princípios articuladores de um contexto social, os quais possibilitam a compreensão de diferentes períodos históricos. No mundo moderno e contemporâneo, em função das rápidas mudanças científicas e tecnológicas, o homem encontra-se imerso em ritmos de vida acelerados. Para usufruir dos benefícios da contemplação estética de obras arte, novas manifestações mediadoras desse acesso originam-se, como é o caso do Kitsch. Por ser de fácil aquisição, capaz de imitar os efeitos da arte, é comumente utilizado como meio de alcançar prazer estético.

CONCLUSÃO:

O Kitsch é fruto de uma sociedade industrial, de ritmos de vida velozes, utilizado para aproximar os indivíduos dos prazeres da contemplação estética de obras de arte originais.

REFERÊNCIAS:

GREENBERG, Clement. Vanguarda e kitsch. In: GREENBERG, Clement et al. Clement Greenberg e o debate crítico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. p. 27–43.


HUYGHE, René. A arte, sua natureza, sua história. In: René Huyghe. Sentido e destino da arte – vol. I. São Paulo: Edições 70, 1986. p. 11–41.


MOLES, Abraham Antoine. O Kitsch: a arte da felicidade. São Paulo: Perspectiva, Ed. da Universidade de São Paulo, 1972.


PANOFSKY, Erwin. Significado nas artes visuais. São Paulo: Perspectiva, 2007.


PODE O GOSTO SER UNIVERSAL?
Autor: Alessandra Vieira (PIBIC-UPF)
Orientador: Gerson Luís Trombetta

INTRODUÇÃO:
O trabalho tem por objetivo examinar os juízos de gosto sob a perspectiva de Kant. Pretende-se reconstruir quais são os argumentos que permitem encontrar no exercício do gosto (ajuizamento) elementos universalizáveis. Este caminho implica revisar radicalmente o dito popular: “gostos não se discutem”.

METODOLOGIA:
Para a realização da investigação tomou-se por base a Crítica da faculdade do Juízo, de Kant. Foram também usados os outros textos indicados nas referências. Os resultados foram previamente discutidos no grupo de estudos vinculado ao projeto “Arte, Sentido e História”.

RESULTADOS E DISCUSSÕES:
Kant, na primeira parte de seu livro Crítica da Faculdade do Juízo, faz uma análise minuciosa sobre as faculdades (capacidades) que envolvem o exercício do gosto. Segundo ele, o sujeito só é capaz de desenvolver seus padrões do gosto quando ajuíza legitimamente o objeto como belo.
O autor defende que os padrões do gosto são formados por uma estrutura de juízos comuns a todos os indivíduos. Para a realização de tais juízos é preciso experimentar uma relação de prazer não determinada por interesses diretos com relação ao objeto. O desinteresse e uma estrutura ajuizante comum a todos (providenciada pelo jogo livre das capacidades mentais) é o que permite sustentar a universalidade dos juízos de gosto.

CONCLUSÃO:
Mesmo que os juízos estéticos do gosto sejam singulares a cada sujeito, Kant esclarece que tais juízos podem ser estendidos a todos os que o julgarem. O que sustenta isso é uma a peculiar estrutura do juízo estética (jogo livre das faculdades) e a não presença de interesses imediatos com relação ao objeto ajuizado.

REFERÊNCIAS:
KANT, Immanuel. Crítica da Faculdade do Juízo. Trad. Valério Rohden e Antônio Marques. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.

TROMBETTA, Gerson L. A estrutura do juízo estético e a posição da arte na “Critica da Faculdade do Juízo” de Kant. 1998. Dissertação ( Mestrado em Filosofia) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1998.

HERWITZ, Daniel. Estética: conceitos chave em filosofia. Porto Alegre: Artmed, 2010.


FORMA RACIONALIZADA E CONTEÚDO RELIGIOSO: OS CONFLITOS NA ARTE DE DA VINCI E MICHELANGELO
Autor: Leonel Castellani (PIVIC-UPF)
Orientador: Gerson Luís Trombetta


INTRODUÇÃO: 
A pesquisa investiga algumas obras de Leonardo Da Vinci e Michelangelo apresentando as tensões existentes entre o conteúdo religioso e os pressupostos formais altamente racionalizados.

METODOLOGIA: 
A pesquisa foi feita com base nos textos indicados nas referências além da análise das obras “A Santa Ceia”, de Leonardo da Vinci e os afrescos da Capela Sistina, de Michelangelo.  Os resultados foram discutidos previamente nas sessões do grupo de pesquisa “Arte, sentido e história”.

RESULTADOS E DISCUSSÕES: 
Na história das produções artísticas renascentistas manifestam-se tensões entre as visões dos artistas (humanistas) e dos mecenas (patrocinadores), que muitas vezes eram instituições religiosas. Baumgart destaca que esses artistas não apenas destacavam os estudos científicos como também exumavam corpos, em busca de respostas e clarezas que depois se destacaram com perfeição em suas obras. Leonardo Da Vinci e Michelangelo são artistas que sintetizam o conflito entre religião e racionalidade. Nas obras analisadas, A Santa Ceia e os afrescos da Capela Sistina, respectivamente, percebemos a busca pela perfeição na expressão e forma do corpo humano, contrapondo a crença humanista da ciência com a pregação da Igreja, de conteúdo teocêntrico.

CONCLUSÃO: 
A tensão entre o conteúdo teológico e uma exposição altamente racionalizada é resolvida, pelos artistas, pela “humanização” de tais conteúdos. Exemplo disso podemos encontrar no modo como Michelangelo ilustra a figura divina nos afrescos da Capela Sistina.

REFERÊNCIAS:

ARGAN, Giulio Carlo; FAGIOLO, Maurízio. Guia de história da arte. Lisboa: Editorial Estampa, 1994.
BAUMGART, Fritz. Breve história da arte. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FARRINGTON, Karen. História ilustrada da religião. São Paulo: Manole, 1999.
STRICKLAND, Carol. Arte comentada: da pré-história ao pós-moderno. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

ILHADOS: DE PLATÃO A LOST

Autora: Bárbara Araldi Tortato
e-mail: barbaratortato@hotmail.com
Orientador: Edison Alencar Casagranda
Universidade de Passo Fundo



INTRODUÇÃO

"Não existe um mundo, existem apenas ilhas". A partir desta aporia de Derrida, lançamo-nos em uma investigação cuidadosa sobre aos motivos do artifício do deslocamento espacial - através do elemento da ilha -, concomitante ao deslocamento temporal - expresso por meio de estratégias literárias diversas, geralmente amparadas no elemento catastrófico -, na história das utopias sociais. Perpassando diferentes contextos históricos, políticos, econômicos e religiosos, colocamos em confronto o modelo social utópico clássico de Platão, a narração literária 'Robinson Crusoé', de Defoe, e a versão televisiva da série 'Lost'. Unanimemente, estes exemplos literários e fílmicos usufruíram de artifícios fantasiosos, mitificando seus modelos alternativos de poder, visão antropológica e implementação política, com uma finalidade: conceder legitimidade intelectual e política à crítica ao arquétipo social cogente, sugerindo uma nova concepção sobre a condição do homem no mundo. 


METODOLOGIA

Em um semestre de estudos, durante o intercâmbio acadêmico na Universidade de Verona, na Itália, tivemos a oportunidade de entrar em contato com uma seleção de obras bibliográficas e cinematográficas que proporcionaram um clarificador debate sobre as diferenças e semelhanças expressas através da crítica política e social em distintas culturas. Para tal estudo, a leitura e discussão de obras que englobassem diferentes influências históricas, acompanhada de estímulos à contextualização temática através da série televisiva Lost, se deram a fim de ilustrar e permear os momentos de exposição e debate do tema no decorrer do confronto com a problemática proposta.  


RESULTADOS E DISCUSSÕES

A fim de criar um modelo ideal de Estado, já na Grécia Antiga, Platão propôs - através de suas obras Crítias e Timeu - a criação de um elemento literário com a finalidade de exprimir uma crítica ao regime político contemporâneo comparando-o a um utópico modelo ideal de governo segundo sua concepção de justiça e distribuição de poder. A partir do filósofo grego surgiu uma grande influência estilística que tomou forma, de modo especial, a partir do século XVI, numa corrente de pensadores hodiernamente chamada de ‘utopistas’. As diversas utopias criadas desde então representam modelos vanguardistas de expressão política e social. A necessidade de um distanciamente espacial intencionalmente criador de credibilidade é o elemento que justifica o uso da ilha como refúgio ideal para a aplicação deste novo sistema. Dando um salto histórico e cultural, podemos econtrar estas características estilísticas na obra do autor inglês Daniel Defoe, intitulada 'Robinson Crusoé'. A exploração do tema na obra em questão confronta-se diretamente com os novos ideais sociais, refletidos de uma sociedade inglesa sedenta das promessas revolucionárias do século XVIII. Contemporaneamente, podemos encontrar o exemplo da utilização da ilha no misterioso e estimulante seriado 'Lost'. Neste caso, a ilha pode ser considerada um personagem da série, a qual envolve o público na sua estrutura narrativa plena de artifícios enigmáticos que estimulam nossa capacidade de questionamento. As possíveis interpretações a respeito da estrutura e do percurso da série, permitem ao espectador refletir sobre os problemas postos numa nova perspectiva de mundo. Os espectadores se identificam com os personagem em relação ao seu posicionamento diante à ilha: elaboram hipóteses e constroem interpretações num duplo movimento de distanciamento e compreensão: a ilha se encontra entre imaginação e geografia, entre ficção e filosofia.

CONCLUSÃO

Ao passo que uma utopia descreve uma realidade que o quadro social vigente não está suficientemente maduro e desenvolvido para conceber pragmaticamente, exige-se dos intelectuais que utilizem-se de subterfúgios literários fanta-filosóficos a fim de tornarem suas obras legitimadas, influentes e verossímeis.

REFERÊNCIAS

DEFOE, Daniel. Robinson Crusoé. 5. ed. Milano: Universale Economica Feltrinelli, 2009.
PLATONE. Crizia. Traduzione di Roberto Radice. In: Platone: Tutti gli scritti. Milano: Bompiani, ed. 5, 2008.
_______. Timeo. Traduzione di Giovanni Reale. In: _____. Milano: Bompiani, ed. 5, 2008.
REGAZZONI, Simone. La filosofia di Lost. Milano: Ponte alle Grazie, 2009.


'CONHECE-TE A TI MESMO': 
A FORMAÇÃO DA AUTOCONSCIÊNCIA NA CULTURA OCIDENTAL

Autora: Bárbara Araldi Tortato
e-mail: barbaratortato@hotmail.com
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Universidade de Passo Fundo



INTRODUÇÃO

Falar da subjetividade humana significa revisitar um extenso legado cultural que nasce de concepções religiosas e mitológicas. Com o desenvolvimento da poesia épica e lírica gregas para além da epopéia homérica dos primeiros filósofos da natureza, observa-se a consolidação da idéia de consciência. A  independência da ação humana com relação à vontade divina, as questões da culpa e da salvação e, consequentemente, o ideal de formação moral e intelectual, tornam a frase socrática 'conhece-te a ti mesmo' um símbolo da herança grega clássica da formação de autoconsciência na cultura ocidental. 

METODOLOGIA

Durante o intercâmbio acadêmico na Universidade de Verona, na Itália, dedicamo-nos a um processo de pesquisa bibliográfica sobre a cultura grega clássica. Tal estudo exigiu a análise da poesia épica grega, de modo especial  as obras 'Ilíada' e 'Odisséia', de Homero, 'Metamorfoses', de Ovídio, bem como a comparação com o pensamento socrático presente no texto de Platão 'Primeiro Alcibíades'. 

RESULTADO E DISCUSSÕES 

A imortalidade proposta em Homero é a possibilidade de manter-se na recordação dos ainda vivos graças aos atos praticados em vida. O prolongamento da existência propriamente humana não acontece na sua obra, a não ser por meio de uma concepção além: a concepção da ação formativa. A condição de ser mortal leva o ser humano, progressivamente, ao caminho do “ser moral”. Ao dar-se conta, a partir do canto do poeta, da sua condição finita, o homem se propõe um ideal formativo. Através desse processo, o homem é levado a criar hábitos morais que permitem a possibilidade de ultrapassar seu limite físico.
Os limites existenciais ganham protagonismo na doutrina órfica. A idéia de possuir uma alma imortal, proporciona o conceito de purificação e moralidade. O ciclo de reencarnações da alma não se exaure enquanto o corpo ao qual está submetida carregar alguma culpa, originada das suas próprias ações no decorrer das encarnações. O homem passa a ser responsabilizado individualmente pelos seus feitos. A fim de que possa alcançar a purificação da alma encarcerada num corpo mortal é necessário que aja conforme um ideal moral formativo, permitindo-lhe a separação entre alma e corpo, ou seja, a liberdade.
Para Sócrates, purificação e autonomia resultarão na idéia de que a autodeterminação da identidade subjetiva pretendida pelo próprio sujeito é só possível através do autoconhecimento. Primeiro ‘conhece-te a ti mesmo’. E então, melhore-se.
Por meio de um movimento entre indeterminação e vontade e por nos sentirmos “incompletos” em relação à nossa formação, é que nos permitimos a possibilidade de fazer as escolhas que nos distinguirão como indivíduos. É a consciência da autonomia que permite o desenvolvimento moral.

CONCLUSÃO

Os conceitos de alma e subjetividade, na forma como consolidados na Grécia Clássica, são as bases para a noção de autoconsciência presente na cultura ocidental. A máxima socrática 'conhece-te a ti mesmo' e seu apelo ao cuidado de si mesmo, é o símbolo maior desta herança. 

REFERÊNCIAS

FOUCAULT, Michel. L’ermeneutica del soggetto: corso al Collège de France (1981-1982). 3. ed. Milano: Giacomo Feltrinelli, 2007.
HOMERO. Ilíada. 5 ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.
PLATONE. Alcibiade Maggiore. Traduzione di Maria Luisa Gatti. In: ____. Tutti gli scritti. 5. ed. Milano: Bompiani, 2008.
REALE, Giovanni. Corpo, anima e salute: il concetto di uomo da Omero a Platone. Milano: Cortina, 1999.

O OUTRO LADO DO BELO:  A ESTÉTICA DO HORROR EM EDGAR ALLAN POE
Autora: Taciane Sandri de Anhaia
e-mail: taciane.anhaia@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Universidade de Passo Fundo

INTRODUÇÃO

A estética  do horror pode ser reconhecida em diferentes cenários da manifestação artística, desde a pintura e a literatura de ficção, até o teatro e o cinema, despertando sempre grande fascínio ou mesmo repulsa. Na literatura, especialmente, esse universo sombrio revela-se na busca obstinada pelo lado oculto do belo. Nas obras de autores consagrados, entre os quais podemos destacar Edgar Allan Poe, indentificamos elementos como dor, angústia, morbidez e loucura, características marcantes numa forma de expressão que instiga a imaginação como exercício lúdico, assim como a reflexão filosófica. Em seus contos, Poe desnuda o lado sombrio e perverso da condição humana, transitando entre o absurdo e o  plausível. Sua abordagem criativa e instigante, alçaram-no ao patamar dos maiores expoentes da literatura em língua inglesa.

METODOLOGIA


A presente pesquisa desenvolveu-se mediante a análise dos contos de Edgar Allan Poe, cuja obra encontra respaldo na crítica de Baudelaire, que discorreu sobre a concepção de seu processo criativo. Ensaios recentes abordando a literatura de horror (França, 2008) também contribuíram para a pesquisa, de modo a acrescentar um elo referencial a esse estudo acerca de uma estética que põe em primeiro plano o feio, o macabro e o repulsivo. Diante das controvérsias com respeito ao valor dessa forma de expressão artística, julgamos pertinente o resgate do conceito de Catarse, na Poética de Aristóteles. Os resultados da investigação foram previamente discutidos no grupo de estudos ligado ao projeto de pesquisa "Arte, sentido e história". 

RESULTADO E DISCUSSÕES

Com base na experiência estética provocada pelos contos de Poe, muitas vezes, indagamos o que nos levaria a ler uma obra com temáticas assustadoras. Por outro lado, somos atraídos  pelos mistérios e passagens inusitadas de contos como "O Barril de Amontilado", "O gato Preto" e "A Queda da Casa de Usher". Esse efeito de desconforto e, ao mesmo tempo, de encantamento só nos é possível porque seu estílo literário transgride o senso comum, ou previsível, da conduta humana. Trazer à tona o perverso nos possibilita olhar para uma realidade possível e problematizá-la. Aristóteles percebeu a tragédia ficcionista como condição importante para o aprendizado, por podermos experimentá-la sem precisarmos vivenciá-la de fato. A interação com este segmento artístico pode proporcionar o que Aristóteles denominou de catarse, que é uma forma de benefício, ou purificação da alma, ao despertarmos sentimentos éticos como o da compaixão.

CONCLUSÃO
Reportar-nos às qualidades da alma consideradas perversas não nos torna inferiores. Pelo contrário, nos torna cientes da complexidade humana e nos incita à reflexão filosófica. Há, portanto, um importante campo da estética a ser explorado tanto no estilo literário de Edgar Allan Poe como na narrativa trágica. 

REFERÊNCIAS 

ARISTÓTELES. Poética. Porto Alegre: Globo, 1966.
BAUDELAIRE, Charles. Obras estéticas: filosofia da imaginação criadora. Petrópolis: Vozes, 1993.
FRANÇA, Júlio. O horror na fixão literária: Reflexão sobre o horrível como uma categoria estética. Congresso Internacional da ABRALIC: Tessituras, Interações, convergências. 2008.
POE, Edgar Allan. Histórias de mistério e imaginação. ed, 19. Lisboa: Biblioteca Básica do Verbo.

A FORMAÇÃO DO GOSTO E A LITERATURA DE MASSA.
Autora: Alessandra Vieira
e-mail: ale.sandravieira@hotmail.com
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Universidade de Passo Fundo

INTRODUÇÃO: 

Este trabalho tem por objetivo analisar as "forças" que atraem o gosto na experiência com a literatura de massa. O trabalho procura sustentar a hipótese que o padrão de gosto necessário para tal experiência exige apenas pré-disposição ao entreterimento, não exigindo do leitor posturas cognitivas.
 
METODOLOGIA

Para a construção do referido trabalho foram feitas análises de textos literários e também usados os textos indicados nas referências. Os resultados foram previamente discutidos no grupo de estudos vinculado ao projeto Arte, Sentido e História.


RESULTADOS E DISCUSSÕES

Uma questão bastante importante para a estética, atualmente, é como se formam os padrões de gosto exigidos pela literatura de massa. Como exemplos desse tipo de literatura podemos citar o romance policial, de ficção científica, o sentimental, o terror, o sexo-pornô, a história em quadrinhos, entre outros.
Qual seria a razão para o público em geral sentir-se atraído por esse tipo de literatura? Normalmente, o público consumidor dessa literatura não se preocupa com as qualidades estéticas do que está lendo mas sim, com o entreterimento que o material pode proporcionar. E, de fato, não existe nenhum pré-requisito para que se possa ter acesso e usufruir dessa literatura a não ser que se pague por ela.
O aspecto determinante na formação do gosto pela literatura de massas é que esta sempre oferece ao leitor o que ele espera encontrar ou seja, um padrão narrativo bastante familiar e previsível: uma história que contenha início, meio e um final feliz. Neste caso não se julga a qualidade do produto e sim a sua adequação ao padrão.
A dinâmica quanto à formação do gosto pela literatura de massas põe em suspeita o ditado popular "gosto não se discute". Além disso, levanta a questão sobre se é possíve determinar a qualidade da obra literária pelo seu apelo ao gosto popular.

CONCLUSÕES
O presente trabalho teve como intenção levantar a questão de porque as pessoas fazem determinadas escolhas, e aqui mais objetivamente o gosto pela literatura de massa que tem por único objetivo o entreterimento. Afinal, o leitor já tem a expectativa e sabe o que vai encontrar em sua leitura.
REFERÊNCIAS

CALDAS, Waldenyr. Uma utopia do gosto. São Paulo: Brasiliense, 1999.
GREENBERG, Clement. Estética Domestica:observações sobre a arte e o gosto. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
HERWITZ, Daniel. Estética:conceitos chave em filosofia. Porto Alegre: Artmed, 2010.
TROMBETTA, Gerson L. Estetização e embrutecimento:retratos da cultura contemporânea. In: SOPELSA, O. TREVISOL Joviles V. (Org.). Currículo, diversidades e políticas públicas. Joaçaba: Ed.Unoesc, 2009. p. 319-334.

CONHECER E JULGAR: A FILOSOFIA DO "GOSTO DOS OUTROS" 
Autora: Bruna de Oliveira Bortolini
e-mail: brubortolini@hotmail.com
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Universidade de Passo Fundo


INTRODUÇÃO: 

Neste trabalho pretende-se investigar filosoficamente o gosto a partir da obra fílmica "O Gosto  dos Outros" de Agnès Jaoui (2000). O filme apresenta questões sobre o processo de construção do gosto e como o mesmo pode ser modelado e modificado pelas interações com os outros. Na investigação enfatiza-se como o filme exemplifica a ideia de gosto adquirido, presente no pensamento do filósofo francês Charles de Montesquieu.
   
METODOLOGIA: 

A investigação orienta-se por estudos sobre a formação do gosto feitos com base nos textos "A filosofia do gosto: reflexões sobre a idéia” de Ted Cohen, "O gosto", de Montesquieu e, principalmente, no filme "O Gosto dos Outros". Os resultados foram previamente apresentados no grupo de estudos ligado ao projeto de pesquisa "Arte, sentido e história". 

RESULTDO E DISCUSSÕES: 

O dito popular "gosto não se discute" resume a tese de que o gosto é algo sobre o qual somente o sujeito portador estaria autorizado a legislar. Porém, há indícios importantes que permitem acreditar justamente no contrário. No filme "O gosto dos outros", o personagem Castella, a partir da relação com lugares, espaços, objetos e pessoas de estilos e modos de vida opostos ao seu, acaba por ampliar seu conhecimento, desenvolvendo a sensibilidade e o próprio gosto. Mas, será realmente que, na medida em que nos relacionamos com o gosto dos outros, o nosso gosto também muda? Aparentemente, o personagem demonstra compreender o novo e acaba reconstruindo sua percepção acerca do mundo. Haveria, assim, uma íntima relação entre conhecimento e gosto. A questão que permanece é a seguinte: será que quando aprimoramos nossa capacidade de reconhcer com maior precisão as propriedades de certos objetos, mais iremos apreciá-los? 

CONCLUSÃO: 

A pesquisa possibilitou a discussão de temas ligados às variantes do gosto refutando a velha ideia de que gosto não se discute. O gosto é, por decorrência, uma capacidade que pode ser constantemente educada, modificada e construida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:   

CALDAS, Waldenyr. Uma utopia do gosto. São Paulo: Brasiliense, 1999.
COHEN, Ted. A filosofia do gosto: reflexões sobre a idéia. In: KIVY, Peter. Estética: fundamentos e questões de filosofia da arte. São Paulo: Paulus 2008.
MONTESQUIEU, Charles. O gosto.  São Paulo: Iluminuras, 2005.
O GOSTO dos Outros. Direção: Agnès Jaoui. França:Le Studio Canal+ / France 2 Cinéma / Les Films A4, 2000.1 DVD. 

ESTÉTICA E EDUCAÇÃO: A FORMAÇÃO DO HUMANO
Autora: Bruna de Oliveira Bortolini
e-mail: brubortolini@hotmail.com
Universidade de Passo Fundo

A supervalorização do conhecimento parcializado, na sociedade governada pelo mercado, provoca uma fragmentação das capacidades humanas, ao invés de um conhecimento da totalidade. Nesse contexto, as experiências sensíveis do cotidiano, constituídas por sons, cores, gostos e formas, que experimentamos, interpretamos e utilizamos para concretizar ações, ficam relegadas ao segundo plano. Na contramão dessa perspectiva, o presente trabalho pretende investigar a importância das experiências estética para a educação e compreender como a arte pode colaborar para o exercício do pensamento crítico e reflexivo acerca do mundo.


A investigação toma como base os textos do Prof. Dr. João Francisco Duarte Júnior, referenciados no final deste resumo. Segundo o autor, utilizar a arte como recurso para reflexões filosóficas, favorece a percepção da realidade por meio dos sentidos, o que origina conhecimento a respeito do mundo, do ser humano e contribui para o desenvolvimento intelectual do mesmo, provocando um equilíbrio entre o racional e o sensível. Ao experimentar o mundo por meio dos sentidos, o indivíduo tem a possibilidade de atribuir-lhe significados, através de simbolizações adequadas, que lhe proporcionam condições para estruturar-se humanamente.

A estética estuda a percepção, o julgamento em relação aquilo que é considerado belo, as emoções provocadas por esse fenômeno, as diversas formas de arte, a criação e aquilo que é desprovido de beleza, ou seja, o feio. Isto contribui como abertura à educação da sensibilidade em harmonia com o todo, favorecendo a formação equilibrada do ser humano.

A arte como ferramenta para o exercício filosófico mostra-se de grande relevância, porque, ao experimentá-la de forma sensível e racional, pela produção ou contemplação estética, o sujeito sente-se estimulado a pensar criticamente, refletir sobre o mundo que o cerca, questionar-se e transformar essas indagações numa forma de sensibilidade para o esclarecimento, construindo um conhecimento não fragmentado.



DUARTE JÚNIOR, João-Francisco. Fundamentos estéticos da educação. 4.ed. Campinas: Papirus, 1995. 150 p.

DUARTE JÚNIOR, João-Francisco. Por que arte educação?. 2.ed. Campinas: Papirus, 1985. 85 p.

Cinema e Filosofia: vida e morte no filme "Lugares Comuns"


Autora: Bruna de Oliveira Bortolini
e-mail: brubortolini@hotmail.com
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Universidade de Passo Fundo




INTRODUÇÃO:

Neste trabalho pretende-se investigar as possíveis relações entre cinema e filosofia a partir da obra "Lugares Comuns", de Adolfo Aristarain. O filme pode representar um ponto de partida para reflexões que vão desde as contradições econômicas da realidade argentina, a frustração existencial, até a perda de valores e a falta de utopia. Nesta investigação enfatiza-se como o filme exemplifica a idéia de vida e morte presente no pensamento do filósofo alemão Martin Heidegger, de modo especial sua concepção de homem como ser-para-a-morte.


METODOLOGIA:

A investigação orienta-se pela análise do filme "Lugares Comuns" e dos textos referenciados no final deste resumo. Os resultados da investigação foram previamente apresentados no grupo de estudos ligado ao projeto de pesquisa "Arte, sentido e história".


RESULTADOS E DISCUSSÕES:

Para Fernando Robles, a vida só tem sentido quando é vivida de acordo com os valores e objetivos que se encaminham para uma existência autêntica. Para ele, a busca de ideais de vida ilusórios, que tem por conseqüência o comodismo, a renúncia das escolhas e a perda da essência humana, são armadilhas inventadas pelo sistema para assustar as pessoas e forçá-las a viver um modo de vida artificial. Fernando, no fim de sua vida, tomado pela dor da lucidez, que é o que mantêm viva sua consciência, nos leva a pensar que a vida e a morte só tem sentido quando compreendidas conjuntamente e não como partes de uma cadeia de sucessões. Essa idéia remente a Heidegger, principalmente quando propõe que, quem tem coragem de enfrentar a realidade da morte, superando a angústia, torna-se uma pessoa de caráter autêntico e se percebe sendo um ser-para-a-morte. O pensamento de Fernando: “[...] conhece-se a morte antes de morrer, é um final antigo e rotineiro, é um final esperado sem temor, porque já foi vivido muitas vezes”, exemplifica a idéia. São nossas escolhas e atitudes que vão definir a trajetória de encontro com essa possibilidade última do ser humano. Essa consciência é o que permite que o indivíduo abandone a banalidade do cotidiano para alcançar o mais profundo do humano.


CONCLUSÃO:

O cinema em geral mostra-se como um componente afetivo e racional de acesso ao mundo, fator que enriquece a discussão de muitos temas filosóficos. O experimento com o filme "Lugares Comuns" procurou aproximar cinema e filosofia, comparando os dramas e as reflexões do personagem Fernando Robles com a teoria hedeggeriana do ser-para-a-morte.


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CABRERA, Julio. O Cinema Pensa: uma introdução à filosofia através dos filmes. Rio de Janeiro: Rocco, 2006.
HEIDEGGER, Martin. Ser e tempo. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1995.
LUGARES Comuns. Direção Adolfo Aristarain. Argentina, Espanha: Europa Filmes, 2002. 1 DVD.





Ao som de Hegel: a dialética e a forma-sonata

Autor: Edinei Fábio de Vale
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Universidade de Passo Fundo


INTRODUÇÃO:
A investigação procura aplicar os princípios gerais da dialética de Hegel para compreensão da forma-sonata, um estilo de composição musical típico do século XVIII. Para tanto, além de esclarecer conceitos básicos da dialética hegeliana, é preciso apresentar as caracteristicas assumidas pelas formas musicais e como tais formas "encarnam" o espírito dialético.


METODOLOGIA:

A metodologia de investigação consistiu basicamente na leitura e análise dos textos básicos (referenciados no final deste resumo), além de audições musicais e leitura de partituras. A investigação também foi previamente discutida no grupo de estudos ligado ao projeto de pesquisa "Arte, sentido e história".


RESULTADOS E DISCUSSÕES:

Os resultados ainda são parciais e provém da comparação entre a dialética de Hegel e a forma-sonata. Verifica-se que Hegel foi contemporâneo de compositores como Haydn e Mozart, expoentes na consolidação da forma-sonata. O esquema ternário de composição, que pode conter uma breve introdução e em seguida expor um tema, corresponde à exposição de uma idéia (tema A). Em Hegel, essa idéia seria a própria tese. Em seguida, a música evolui para um segundo momento (tema B), onde o tema já apresentado na exposição, é desenvolvido em novas tonalidades, somadas a alterações no ritmo e variações de motivos melódicos, sempre em contrapartida com o passo anterior (exposição). Em geral, o clima do desenvolvimento é tenso e dramático, terminando com uma cadência mais marcada que a a exposição inicial. Esse segundo momento é correspondente à antítese na dialética hegeliana. Após o desenvolvimento, normalmente se retoma o primeiro tema sem repetição; o segundo tema reaparece seguido da sua repetição com variações seguido do terceiro tema, geralmente igual a sua primeira aparição na música e sucedido pela cadência final. Essa conclusão do discurso musical equivale à síntese da dialética de Hegel. Sua dialética tem exatamente a mesma estrutura: a tese contém verdades e sua antítese também, o que há de mais verdadeiro nas duas (ou seja o tema musical) se fundem e prol da liberdade (reexposição), fechando assim o ciclo.


CONCLUSÕES:

Ao comparar a dialética de Hegel com a forma-sonata, podemos constatar que ambas constituem maneiras diferentes de apresentar a idéia geral que o pensamento humano se desenvolve a partir de oposições e produção de novas sínteses. Tais sínteses representam graus mais elevados de verdade consolidando a certeza, tipicamente iluminista, do progresso.


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BENNET, Roy. Uma breve história da música. Rio de Janeiro: Zahar, 1988.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Estética. Lisboa: Guimarães Editores, 1993.
JIMENEZ, Marc. O que é estética. São Leopoldo: Unisinos, 1999.
ROSEN, Charles. Sonata Forms. New York, London: W. W. Norton, 1980.
WISNIK, José Miguel; ZISKIND, Hélio. O som e o sentido: uma outra história das músicas. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.





Narciso e a esfinge: a dupla face da experiência estética

Autora: Aline Bouvié Álvares
e-mail: alinebouvie@gmail.com
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Universidade de Passo Fundo

 INTRODUÇÃO:

A partir de questionamentos a respeito da qualidade na arte, inclusive em relação à arte como bem de consumo, a presente pesquisa tem como objetivo investigar a adupla face da experiência estética no mundo contemporâneo. Por um lado analisa-se a presença do inefável e do enigmático na experiência estética autêntica; por outro lado, tendo em vista a produção e consumo em larga escala de produtos culturais e a atual supervalorização do belo, examina-se a influência do estético na formação da consciência dos sujeitos e sua conseqüente interferência na educação.


METODOLOGIA:

Alguns autores estudados no grupo de pesquisa "Arte, Sentido e História" forneceram embasamento teórico para esta pesquisa. Clement Greenberg, com seu livro "Estética Doméstica: observações sobre a arte e o gosto", principal referência do trabalho, contribuiu com o esclarecimento de conceitos acerca da experiência com a arte, ou mais especificamente, com a música. Além de Greenberg, outro autor que teve papel decisivo nos rumos da investigação foi Theodor Adorno, de modo especial com suas reflexões a respeito da atual condição da arte como mercadoria e as implicações morais da maciça estetização do mundo.


RESULTADOS E DISCUSSÕES:

A proposta do presente estudo foi investigar as faces da experiência estética e sua influência na consciência dos sujeitos. Com base no trabalho desenvolvido, primeiramente pode-se confirmar a experiência com a arte como algo inefável, enigmático e transcendente à linguagem discursiva. Respostas às perguntas: “como ocorre a experiência estética? O que caracteriza algo como sendo arte? O que se pode afirmar a respeito da qualidade na arte? Realmente existem critérios de avaliação de obras artísticas? Quais?” – foram discutidas ao longo das sessões de estudos. Pode-se dizer que a principal idéia aqui abordada se constitui no apontamento da experiência estética genuína, discutida por Greenberg, como promotora de experiência desinteressada, exemplificando um tipo de relação não objetificante com o outro. Conforme o estudo apresentado, a experiência estética tanto pode estimular a relação narcisista com o mundo quanto auxiliar na descentralização dos sujeitos.


CONCLUSÃO:

O distanciamento, conforme aponta Greenberg, além de caracterizar a experiência estética autêntica, pode servir de parâmetro para um tipo relação com o outro capaz de recuperar o sentido das relações não objetificadoras e não instrumentais.No caso dos produtos da indústria cultural, a experiência aponta apenas para o narcísico e superficial.


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 1985.
GREENBERG, Clement. Estética Doméstica: observações sobre a arte e o gosto. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
TROMBETTA, Gérson Luís. Da estetização do mundo ao embrutecimento estético: notas sobre a relação entre experiência estética e educação. In. RIBAS, Maria Alice Coelho (org.) E tal. Filosofia e ensino: A filosofia na escola. Ijuí: Editora Unijuí, 2005.




Tragédia e Purificação: O conceito de catarse na Poética de Aristóteles

Autora: Bárbara Araldi Tortato (PIBIC-UPF)
e-mail: barbaratortato@hotmail.com
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Universidade de Passo Fundo

INTRODUÇÃO

Aristóteles, ao escrever a Poética, legou aos seus sucessores a maior referência da arte poética escrita até hoje. No decorrer da obra, o estagirita desenvolve um trabalho detalhado sobre a construção e a justificação do fazer poético. Sendo que a obra se detém, principalmente, na poesia trágica e na epopéia, escolhemos aprofundar nossas pesquisas na primeira, já que o filósofo lhe concedeu idéias inovadoras e de admirável entrelaçamento.
As teorias que envolvem a poesia trágica na obra, são permeadas por um ponto comum: a universalidade. Ela determina a abrangência do tema trágico e a forma com que vai ser levado ao público, assim como é a responsável pelo prazer concedido ao espectador pela sua representação. Os temas universais são a representação de uma ação elevada, porque, deles, o espectador é capaz de alcançar a purificação – ou, nas palavras de Aristóteles, “catarse”.


METODOLOGIA

A investigação orienta-se pela análise da obra Poética, de Aristóteles, seguido de leitura de comentaristas (indicados nas referências bibliográficas). Além disso, todos os resultados da investigação são submetidos à discussão no grupo de estudos ligado ao projeto "Arte, sentido e história".


RESULTADO

A poesia trágica, descrita por Aristóteles na Poética, é construída através da mímesis que, além de semelhante ao real, se constrói de acordo com a melhoria das imperfeições humanas. Ela desperta no espectador as duas principais características para a purificação das paixões, as quais só são atingidas ao passo que se eleva um tema singular à sua universalidade: o temor e a piedade. Esta purificação tem a capacidade de absolver o espectador de seus próprios temores na medida em que este compreende o desenvolvimento da tragédia. Seu temor e sua piedade diante da representação da tragédia, tornam-se motivo para a catarse.


CONCLUSÕES

A purificação (ou catarse) acontece na medida em que o espectador percebe o desenrolar trágico da trama poética e que se envolve com a representação do herói trágico, o qual atua seguindo um percurso construído à base da verossimilhança e da necessidade para chegar à totalidade do gênero humano.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARISTÓTELES. Poética. Porto Alegre: Globo, 1966.
ARMELLA, Virginia Aspe. El concepto de técnica, arte y produción em la filosofía de Aristóteles. México: Fondo de Cultura Económica, 1993.
CAPPELLETTI, Angel J. Kátharsis trágica e nôus poietikós em Aristóteles. Revista Venezoelana de Filosofia, Caracas, n. 25, p. 47-58, 1989.
REALE, Giovanni. História da filosofia antiga. Vol. II. São Paulo: Loyola, 1994.



"Um Cão Andaluz", o fim da arte e os limites da narrativa

Autora: Marciana Zambillo
e-mail: marciana@lci.upf.br
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Universidade de Passo Fundo

INTRODUÇÃO:

Pretende-se analisar, neste trabalho, o rumo que a história da arte segue após ter abadoado o seu referencial de beleza entre o final do século XIX e início do século XX. Na base da pesquisa consta ainda a obra cinematográfica e surrealista de Luis Buñuel e Salvador Dalí, "Um Cão Andaluz" (1929). Este filme traz imagens surrealistas agressivas às normas estéticas e morais tradicionais. O filme exemplifica o surrealismo que Greenberg reprimiu da história do modernismo, alegando que este estava para além da história, ao passo que Danto o encara com pluralismo e tolerância. Investigamos, portanto, o limite de uma narrativa da história da arte, bem como o papel da crítica da arte.


METODOLOGIA:

A investigação orienta-se por questões que giram em torno do conceito e do valor da arte. O enfrentamento de tais questões se dá a partir da análise e discussão de dois pensadores contemporâneos: Arthur Danto (A transfiguração do lugar comum e Após o fim da arte) e Clement Greenberg (Estética doméstica). Danto evidencia que a “mímesis” foi rapidamente descartada como condição necessária para compreender a arte autoconsciente do século XX. Greenberg, por sua vez, discute como a arte da pintura representativa passa, no século XX, para um novo estágio, em que os meios de representação se tornaram objetos de representação.
Além do estudo de textos filosóficos também compõe o trabalho a “experimentação” do filme "Um cão andaluz”, cujos princípios fundamentais são a contestação aos valores burgueses e a abolição da simbolização na produção artística. O propósito em última instância é analisar a tese greenberguiana que o limite da narrativa moderna é excludente para o surrealismo.


RESULTADOS E DISCUSSÕES:

Para Danto, para um objeto ser qualificado como obra, deverá ser interpretado. Para o autor, a "era dos manifestos" na modernidade trouxe a necessidade da arte investigar a sua própria. Essa busca por uma identidade filosófica é inexistente para as obras contemporâneas, estando os artistas livres para fazer tudo o que desejassem fazer. A apropriação direta do real pela arte, em meados da década de 1960, aponta o problema da indiscernibilidade, em que obras artísticas podem até ser indiscerníveis dos objetos do cotidiano. Quando os "ready-mades" passaram a funcionar como obras de arte, esse fenômeno marcou o "fim da arte". A expressão “fim da arte” não designa o fim das produções artísticas, mas o fim de uma narrativa da história da arte.
Já Greenberg parte do pressuposto que, para investigar o valor e o significado da arte, é preciso levar em conta sua ligação íntima com os juízos estéticos e conseqüentemente com o gosto. De acordo com o autor, todo e qualquer objeto pode ser intuído e vivenciado esteticamente, a arte obrigatoriamente é experimentada esteticamente, mas nem todo objeto que é experimentado é uma obra de arte. "Um cão andaluz" é a representação do surrealismo, que de acordo com Greenberg, representa a materialização da impureza, ligado aos sonhos, ao erotismo, ao irracional e absurdo. O surrealismo subtraiu a "mímesis" da obra e Greenberg subtraiu o surrealismo da narrativa modernista. Considerando as visões citadas, nos perguntamos: até que ponto a identidade da arte está internamente ligada à participação em uma narrativa legítima?


CONCLUSÃO:

As produções artísticas modernas contestam intensamente o conceito de arte, culminando na recusa da narrativa, propondo questões sobre a natureza filosófica da arte dentro da própria arte. Esclarecer a definição, interpretação e valor da arte é, hoje uma tarefa compartilhada pela arte e pela filosofia.


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DANTO, Arthur C. Após o Fim da Arte: a arte contemporânea e os limites da história. Tradução de Saulo Krieger.
São Paulo: Odysseus Editora, 2006.
________. A transfiguração do lugar-comum: uma filosofia da arte. Tradução de Vera Pereira. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
GREENBERG, Clement. Estética doméstica. Tradução de André Carone. São Paulo: Cosac Naify, 2002.
UN CHIEN Andalou - L’age D’Or. Direção: Luis Buñuel. França: Versátil Home Vídeo, 2005. 1 DVD.




Apolo, Dionísio e a coruja: sobre o valor e o significado da arte

Autora: Marciana Zambillo
e-mail: marciana_zambillo@yahoo.com.br
Orientador: Prof. Dr. Gerson Luís Trombetta
Universidade de Passo Fundo

INTRODUÇÃO:

O presente trabalho está ligado ao projeto de pesquisa: "As interconexões entre conteúdo e método:conseqüências para o ensino de filosofia", e as investigações tem se concentrado sobre a relação entre filosofia earte extraindo conseqüências para o ensino de filosofia. A arte, pelo seu caráter enigmático, sedutor e intrigante, éprovocadora de atitudes reflexivas o que a torna uma importante aliada para a filosofia esclarecer seus própriosconceitos.


METODOLOGIA:

A investigação orienta-se por questões que giram em torno do conceito, do valor e da interpretação da arte. Oenfrentamento de tais questões se dá a partir da análise e discussão de três pensadores contemporâneos: NelsonGoodman (Quando há arte?), Arthur Danto (A transfiguração do lugar comum) e Clement Greenberg (Estéticadoméstica). Enquanto Goodman apresenta uma concepção de arte que não se define por alguma característicainterna, mas pela criação de um sistema simbólico, Danto evidencia que a arte no século XX se define comoautoconsciente e geradora de indagações. Greenberg, por sua vez, discute como se dá a experiência subjetivacom a arte, passando a limpo os conceitos de gosto, ajuizamento e experiência estética. Além do estudo dostextos filosóficos a pesquisa também tem propiciado momentos de “experimentação” de obras artísticas (literáriase cinematográficas).


RESULTADOS E DISCUSSÕES:

Nelson Goodman afirma que não existe algo da arte que possamos identificar como essencial. A questão “o que éarte?”, deveria ser reformulada para “quando há arte?”. A arte instala um sistema simbólico que se encontra nocontexto exposição-interpretação. O que define a arte não é alguma característica intrínseca, mas sua funçãosimbólica que é impulsionada por aquilo que Goodman denomina de sintomas do estético. Já para Danto, para umobjeto ser qualificado como obra, deverá ser interpretado. Danto também nos aponta o problema daindiscernibilidade, surgido nos anos 60, em que obras artísticas podem até ser indiscerníveis dos objetos docotidiano. Dessa maneira, podemos perguntar: por que os objetos das galerias são obras de arte enquanto outros,exatamente iguais, não são? Os "ready-mades" passaram a funcionar como obras de arte e esse fenômenomarcou o fim da arte, para Danto. A expressão “fim da arte” não designa o fim das produções artísticas, mas o fimde uma narrativa da história da arte.Greenberg parte do pressuposto que, para investigar o valor e o significado da arte, é preciso levar em conta sualigação íntima com os juízos estéticos e conseqüentemente ao gosto. De acordo com o autor, “todo e qualquerobjeto pode ser intuído e vivenciado esteticamente” (GREENBERG, 2002, p. 39). Considerando as visões citadas,algumas questões podem ser propostas: o que é necessário para que um objeto que pode ser intuído e vivenciadoesteticamente, possa ser também uma obra de arte? O que faz com que uma obra tenha valor estético? Qual o valor cognitivo da experiência estética?


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DANTO, Arthur C. A transfiguração do lugar comum. Tradução de Vera Pereira. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
_______. Após o fim da Arte: a arte contemporânea e os limites da história. Tradução de Saulo Krieger. SãoPaulo: Odysseus Editora, 2006.
GOODMAN, Nelson. Quando há arte? Tradução de Desidério Murcho. Disponível em: Acesso em: 28 jun. 2006.
GREENBERG, Clement. Estética doméstica. Tradução de André Carone. São Paulo: Cosac Naify, 2002.




A arte e o ensino de Filosofia: É possível definir o que é arte?

Autora: Marciana Zambillo
e-mail: marciana@lci.upf.br
Orientador: Gerson Luís Trombetta
Universidade de Passo Fundo

INTRODUÇÃO:

O presente trabalho está ligado ao projeto de pesquuisa "as interconexões entre conteúdo e método: conseqüências para o ensino de filosofia". O avanço da investigação e a necessidade de qualificar a reflexão sobre a didática da filosofia exigiu que a atenção fosse deslocada para a relação entre filosofia e outros saberes. Optamos por dialogar com as artes, pois suspeitamos que esse tipo de expressão, por se encontrar na fronteira do conceito filosófico, pode ajudar a filosofia a esclarecer seus próprios temas. O estudo das teses de Nelson Goodman tem contribuído para evidenciar uma concepção de arte que não se define por alguma característica interna, mas pela criação de um sistema simbólico que se estabelece a partir do contexto onde ela se encontra. É por isso que Goodman sugere que a questão "o que é arte?" deveria ser substituida por "quando há arte?".


METODOLOGIA:

O estudo tem como base a investigação dos enigmas que envolvem a relação entre arte e filosofia: O que é arte? Como interpretar a arte? Qual o valor da arte? O enfrentamento de tais enigmas se dá, por um lado, a partir da análise e discussão de textos filosóficos, principalmente os de autoria de Nelson Goodman e, por outro lado, pela "experimentação" filosófica de obras artísticas, de modo especial literárias e cinematográficas. Por enquanto, a obra analisada é a "Morte em Veneza" tanto na sua versão literária de Thomas Mann, quanto na sua versão cinematográfica dirigida por Luchino Visconti.


RESULTADOS E DISCUSSÕES:

Uma das maneiras de se promover o diálogo entre a arte e o ensino de filosofia é investigar possíveis respostas às questões: O que é arte? Qual o valor da arte? Como interpretar a arte? Por enquanto, temos nos dedicado à investigar a possibilidade de responder a primeira questão. Para Goodman, no entanto, esse não é o melhor caminho. Não é possível encontrar uma característica ou propriedade que seja exclusiva de um objeto artístico. O que se encontra em arte (formas, cores, texturas, palavras, sons, etc.) podem aparecer fora dela em contextos não artísticos. A questão, então, deveria ser reformulada para "quando há arte?". A arte, nesse sentido, deveria ser compreendida como um símbolo, isto é, uma amostra de algo que varia dependendo da circunstância e do contexto. O que define a arte não é alguma propriedade intrínseca, mas sua função simbólica que é impulsionada por aquilo que Goodman denomina de sintomas do estético. A arte, assim como a ciência, é um mundo simbólico gerador de conhecimentos.


CONCLUSÃO:

A pesquisa tem demostrado que a filosofia pode auxiliar a arte no esclarecimento de sua definição e valor. Por outro lado, a arte propõe à filosofia questões quanto ao alcance dos conceitos filosóficos para compreender o mundo. Também é preciso registrar que o encontro entre esses saberes é uma alternativa didática para o exercício de filosofar.


REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

GOODMAN, Nelson. Languages of art: an approach to a theory of symbols. 2.ed. Indianapolis: Hackett publishing
company, 1999.
_____. Modos de Fazer Mundos. Tradução de António Duarte. Porto: Edições Asa, 199
JIMENEZ, Marc. O que é estética? São Leopoldo: Unisinos, 1999.

Quem somos

O grupo de estudos "Arte, Sentido & História" é constituido pelo orientador Prof. Dr. em Filosofia Gerson Luís Trombetta; pelos bolsistas: PIBIC/UPF Alessandra Vieira; PIBIC/CNPq Bruna de Oliveira Bortolini; FAPERGS Taciane Sandri Anhaia; e demais integrantes: Aline Bouvié, Amanda Winter, Ana Karoline, Bárbara Araldi Tortato, Daniel Confortin, Edynei Vale, Ester Basso, Fabiana Beltrami, Fernanda Costa, Prof. Dr. em Filosofia Francisco Fianco, Guto Pasini, Iara Kirchner, Jéssica Bernardi, Leonel Castellani, Maikon Ubertti, Marceli Becker, Marciana Zambillo, Roberta del Bene e Tarso Heckler.

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