História da arte como história dos registros humanos

“O senso de humanidade ainda não me deixou”

(Imannuel Kant.)



No decorrer das sessões do grupo de estudos, foram abordadas questões relacionadas à história da arte sob o olhar de diferentes estudiosos como, por exemplo, Arthur Danto e Antônio Pinelli. Ao darmos continuidade a esses estudos, tomamos como referência o crítico e historiador da arte Erwin Panofsky, que busca mostrar em seu livro “Significado nas artes visuais” de que forma o historiador lida com registros sobre arte, considerando que a mesma carrega em si processos subjetivos e por vezes irracionais, característica tipicamente humana.

O termo humanidade nos remete à consciência do homem em relação a princípios e valores que ele próprio constrói para viver em sociedade. Esta característica o diferencia do ser divino e do bruto, considerando o divino como um valor e o bruto uma limitação. O homem está mergulhado num duplo: de um lado temos a consciência de nossas capacidades intelectuais e criativas, do outro a certeza de nossas fraquezas e finitude.

O homem é o único animal que deixa registros, que sabe separar símbolos de seu significado e estabelecer relações entre os mesmos. E é de fato essa consciência que o leva a tentar compreender o passado buscando respostas que contribuam para a compreensão da realidade.



Esses registros geralmente são estudados pelos humanistas como, por exemplo, o historiador, que, diferentemente do cientista, não usa os registros apenas para analisar fatos históricos, mas leva em consideração a relação humanística na constituição desses fatos. Os registros, enquanto analisados por um historiador, precisam ser datados e contextualizados para que, ao serem examinados e coordenados possam fazer algum sentido, mostrando algo relevante sobre o objeto estudado.


Segundo Panofsky (2007), no caso das obras de arte, entender o que o artista tenta expressar, deve ser interpretado a partir da própria obra, utilizando-se de um conceito histórico geral, ou seja, de uma determinada época ou movimento artístico, para após, realizar a análise dos documentos individuais. Nessa perspectiva, torna-se necessário refazer os passos da mesma de tal modo que seja contemplado não somente o viés estético, mas também seu encadeamento de símbolos e significados.


("O poeta pobre" - Carl Spitz, 1839)
Para o mesmo autor, objetos feitos pelo homem têm sempre uma intenção e podem ser divididos em duas categorias: ferramentas e comunicação. A arte apesar de também exercer alguma função pode ir além deste limite, com uma ênfase na forma, deixando de ser apenas funcional e passando a ser estética também. Quando escrevemos uma carta podemos dar ênfase para sua forma transformando-a em um poema, extrapolando sua mera função de comunicação.


O autor sustenta que o historiador deve caracterizar a pesquisa baseado nos dados fornecidos pelos registros, prestando testemunho das intenções artísticas à humanidade da forma mais imparcial possível, levando em consideração o estilo, conforme as possibilidades de tema, conteúdo e materiais disponíveis em determinada época.



Referências Bibliográficas:


PANOFSKY, Erwin. Significado nas artes visuais. São Paulo: Perspectiva, 2007.

6 comentários:

Falando de História 8 de maio de 2011 às 21:00  

Excelente Blog!!! Estou divulgando-o no blog que matenho ativo. Seria uma honra poder ser parceiro deste excelente espaço.

Falando de História 8 de maio de 2011 às 21:03  

Estou divulgando numa página que intitulo como "Mural de Parceiros" http://falando-historia.blogspot.com/p/parcerias-projeto-falando-de-historia.html

Mar Becker 21 de maio de 2011 às 00:39  

Gente, parabéns pelos registros, pelo blogue!
Interessante que o ponto de vista do Panofsky, se consegui acompanhar, parece tocar no delicado problema do valor da arte. Se a questão é entendermos o que o artista procura transmitir, então o valor da obra no processo de interpretação está necessariamente associado a uma intenção (a do artista)? Mais ainda, então há aquilo a que podemos chamar 'interpretação adequada' (a que corresponde a tal intenção) e 'interpretação inadequada' (a que não corresponde a tal intenção) de uma obra?

Ou eu viajei, dado que a análise dele se aplica apenas às relações históricas, e não estéticas, que estabelecemos com objetos artísticos?

Beijão, até quarta, quando voltareiiii :-)

Fernanda 23 de maio de 2011 às 11:26  

Penso que Panofiski acredita que a obra enquanto interpretada por um historiador da arte deve se aproximar o máximo possível de elementos que evidênciem as intenções do artista. Buscando uma interpretação mais adequada desses registros.. Entretando, acredito que uma interpretação que não busque um vislumbre histórico, possa ser livre e "desinteressada" podendo assim talvez contemplar melhor o significado estético da obra.

trigres da luta 4 de abril de 2012 às 14:44  

affs isso e de arte o naõ eu presiso fazer meu trabalho que sait merda

Anônimo 25 de novembro de 2013 às 22:33  

NOSSA BRIGADO ISSO ME AJUDOU MUITO NUM TRABALHO REALMENTE VCS TEM TALENTO PARABENS CONTINUEM

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